terça-feira, 18 de outubro de 2011

TEORIA E PRÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Olá, amigos, iniciei dia 15/10/11 minha tão esperada complementação em Pedagogia... minha primeira aula foi muito rentável e proveitosa, meu curso de Magistério está se encerrando, então continuarei, se Deus assim o permitir, postando os materiais de meu mais novo curso, espero que lhes seja muito útil de alguma forma,

Abraços

Luciandréa Camargo

"Professor de EJA deve deixar pré conceitos e julgamentos do lado de fora da sala de aula"

"Professor de EJA, cuidado com o verbalizado"

" A educação deve mudar comportamentos"
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1º Aula

TEORIA E PRÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS



Profª. Me. Beatriz Beraldo

  • Objetivos de Aprendizagem:

Conceituar e compreender alguns termos da educação de jovens e adultos.
Refletir sobre a história da Educação de jovens e adultos, bem como sua implicação nas práticas pedagógicas desenvolvidas atualmente.

Reconhecer a importância do educador Paulo Freire na EJA.
  • As atividades de Leitura e escrita no Brasil iniciaram com os jesuítas –difundir o evangelho.
  • Que conhecimentos prevaleciam no período colonial?
Conhecimentos sobre o evangelho: Normas de comportamento, ofícios necessários à economia colonial aos indígenas e escravos.
Entretanto, após a expulsão dos jesuítas, pelo Marquês de Pombal, ocorreu uma desorganização do ensino que voltou a ser ordenado no Império.No período imperial pouco foi feito para a educação de jovens e adultos; no final do império 82% da população era analfabetos.A proclamação da República em 1889 e a Constituição Federal de 1891 reforçaram a atribuição da educação elementar como tarefa dos estados e municípios.Essa constituição manteve a exclusão dos adultos analfabetos da participação política pelo voto.

A partir da I Guerra mundial e nas duas décadas seguintes, mudanças significativas aconteceram no cenário educacional:O crescimento no processo de industrialização e urbanização.Preocupação com questões sociais emergentes.Neste contexto criam-se condições favoráveis para o estabelecimento de políticas para a educação de adultos; política de extensão de direitos.



No período de Vargas, em 1930, com a reformulação do papel do estado, os aspectos educacionais passam a ser repensados.A nova Constituição Brasileira (1934) apresentou a ideia de um novo Plano Nacional de Educação.Este Plano firmou de maneira obvia as esferas de capacidade da União –estado como potencializador da educação para todos.Neste Plano Nacional de Educação, o ensino primário se prolongaria para os adultos e tinha um tratamento particular.Passos decisivos foram dados para a colocação da educação de adultos como problema nacional na década de 1940.Foi criado o Fundo Nacional do Ensino Primário e sua implementação em 1945.Criou-se o Serviço de adultos em 1947 e a aprovação de um Plano Nacional de Educação Supletiva, ainda em 1947. Por meio desta estrutura foram promovidas diversas Campanhas contra o analfabetismo:



1.Campanha de educação de adolescentes e adultos.


2.Campanha nacional de educação rural.
 
O fundo dessas campanhas traziam como fundamento político a ampliação das bases eleitorais:



1.Participação pelos votos.


2.Preparação e qualificação da mão de obra exigida pela industrialização.
 
Após a segunda metade da década de 50, as campanhas de alfabetização começam a entrar em declínio por alguns motivos.
  • Crítica ao trabalho realizado.



•A desistência do trabalho voluntário.


•Inexistência de maiores recursos para a continuidade do processo de escolarização.


•Improvisação de professores.
 
As campanhas contribuíram com uma reflexão sobre o analfabetismo;Em 1960 cai para 46,7% o número de analfabetos.Em 1958 aconteceu o Congresso de Educação de Adultos.Nesse congresso disseminou-se as idéias do educador pernambucano Paulo Freire.O educador levanta algumas críticas ao trabalho realizado até então e propõe situações mais adequadas à problemática.As críticas levantadas referiam-se a:



1.Precariedade dos prédios escolares.


2.Inadequação do material didático.


3.Qualificação do professor.
As ideias de Paulo Freire chamavam a atenção para as causas sociais do analfabetismo.Neste sentido, o Congresso significou uma busca intensa por inovações neste terreno.O trabalho deste autor passou a direcionar diversas experiências com a Educação de Adultos, como o Movimento de Educação de Base –Igreja Católica.
Suas principais idéias eram:



1.Realizar uma educação de adultos crítica.


2.O diálogo como princípio educativo.


3.Ascensão dos educandos adultos.
Sua experiência foi um sucesso e ficou conhecida em todo o Brasil, sendo praticada por diversos grupos da cultura popular. Com Paulo Freire um novo paradigma teórico-pedagógico passa a ser disseminado
  • Método de aprendizagem era silábico.

•Juntando as sílabas e formando-as podia-se formar qualquer palavra.No entanto, nesta concepção não se desenvolvia o senso crítico.Não importava entender o que era escrito e o que era lido.O importante era dominar o código
 
Educador e educando devem interagir. São criados novos métodos de aprendizagem. O alfabetizador trabalha a leitura e escrita com o objetivo de proporcionar aos alunos o sentido das mesmas.O trabalho é realizado a partir de temas e palavras geradoras ligadas ás suas experiências de vida.A proposta de Paulo Freire baseia-se na realidade do educando, levando em conta suas experiências, suas opiniões e suas histórias de vida Seu objetivo maior era a alfabetização visando a libertação.Essa libertação não se dá só no campo do cognitivo, mas deve acontecer, essencialmente, nos campos social, cultural e político.Para ele, a visão ingênua que os indivíduos tem da realidade torna-os escravos, na medida em que, não sabendo que podem transformá-la, sujeitam-se a ela.Essa descrença na possibilidade de intervenção na realidade é alimentada pelas cartilhas e manuais escolares, que colocam homens e mulheres como observadores e não como sujeitos ativos desta realidade.
O golpe militar de 1964 encerrou as atividades da Comissão Nacional da Alfabetização encabeçada por Freire e do Programa Nacional de Alfabetização de Adultos
Por outro lado, a Educação de Jovens e Adultos não poderia ser abandonada pelo estado.Não haveria como justificar nacional e internacionalmente um país com altos índices de analfabetismoPor isso, o regime militar criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL).Esse programa foi criado em 1967 e tinha como meta acabar com o analfabetismo em apenas 10 anos.
Com significativos recursos o MOBRAL instalou comissões municipais por todo o país que executavam as atividades de alfabetização.O objetivo de chegar a quase todos os municípios era para atestar às classes populares o interesse do governo pela educação do povo.Neste período o Brasil contava com 33% da população analfabeta e o MOBRAL ampliou sua atuação durante a década de 70.

Entretanto, a crítica pelos níveis de aprendizagem vieram e a dúvida quanto aos indicadores apresentados ampliou seu descrédito, sendo extinto em 1985. No lugar do MOBRAL ficou o ensino supletivo que foi regulamentado em 1985.Este programa foi substituído pela fundação Educar, que contava com poucos recursos para executar sua tarefa.Por isso, em muitos sentidos, a Educar significou a continuidade do MOBRAL
Com o término dos governos militares e a retomada do processo de democratização –diretas já!, estudantes, políticos e professores organizaram-se em prol de uma escola pública e para todos.Assim, houve a possibilidade de ampliação das atividades da EJA.A Constituição Federal de 1988 trouxe grandes contribuições para a EJA:O ensino fundamental obrigatório e gratuito passou a ser direito constitucional também para aqueles que não tiveram acesso na idade própria.As práticas pedagógicas da educação popular, até então, eram desenvolvidas, quase que clandestinamente, por organizações civis ou pastorais da igreja. Com a Constituição de 88 retomaram espaços nos ambientes universitários e passaram a influenciar programas públicosAlém da Constituição de 1988, a carta Magna propunha esforços para em 10 anos alcançar a erradicação do analfabetismo e a universalização do Ensino Fundamental
Esses mecanismos,constituem a base para que nos anos posteriores pudesse vir a ocorrer uma significativa expansão e melhoria do atendimento público da escolarização de jovens e adultos
Contudo, a partir dos anos 90, a EJA começou a perder espaço nas ações governamentais.Com o início do Governo Collor de Melo, a fundação Educar foi extinta e todos os seus funcionários colocados em disponibilidade.Em nome do enxugamento da máquina administrativa, a união foi se afastando das atividades da EJA e transferindo as responsabilidades para os estados e municípios.Neste pacote de medidas foi retirado o mecanismo que facultava às pessoas jurídicas direcionar voluntariamente 2% do valor do imposto de renda às atividades de alfabetização de adultos.Valores esses, que nas duas décadas anteriores haviam financiado o MOBRAL e a Educar.



•Em 1999, por meio do Plano Nacional de Educação adere-se a um paradigma da educação permanente ao longo da vida como um direito a cidadaniaA partir desta visão, os desafios para a Educação de Jovens e Adultos seriam:



1.Erradicar o analfabetismo presente em nossa sociedade.


2.Treinar o enorme contingente de jovens e adultos para o mercado de trabalho.


3.Criar oportunidades de educação permanente.
Essa reforma educacional, iniciada em 1995 tinha como objetivo descentralizar os encargos financeiros com a educação racionalizando o gasto público em favor de um ensino fundamental obrigatório
Dessa forma, os recursos públicos destinados à educação foram distribuídos aos entes governamentais estaduais e municipais de acordo com o número de alunos matriculados no Ensino Fundamental.
Esse mecanismo induziu à municipalização do Ensino Fundamental.Essa distribuição de recursos deixaram três segmentos da educação parcialmente descobertos:
Educação Infantil.



2.Ensino Médio.


3.Educação de Jovens e Adultos.


•Diante dessa realidade a EJA experimentou uma série de dificuldades como aquelas já constatadas no passado.Em Janeiro de 2003, com o início do governo Lula foi anunciado que A Educação de Jovens e Adultos seria uma prioridade de governo.Para isso foi criada a Secretaria Especial de erradicação do analfabetismo.Para alcançar esta meta foi lançado o programa Brasil Alfabetizado.Neste programa a assistência será direcionada ao desenvolvimento de projetos com as seguintes ações:



1.Alfabetização de Jovens e Adultos.


2.Formação de Alfabetizadores
A formação de educadores compreende a formação inicial e continuada.



•O programa está em andamento, por isso, não é possível avaliar se seus resultados foram significativos.
Com o nascimento do FUNDEB –EM 2007, amplia-se a organização e distribuição dos recursos destinados a educação:Se levará em conta a totalidade das matrículas no Ensino Fundamental e se considerará para a Educação Infantil, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos 1/3 das matrículas no primeiro ano, 2/3 no segundo ano e sua totalidade a partir do terceiro ano.Apesar de muitas vezes não haver continuidade dos programas ou ideias para a erradicação do analfabetismo em nosso país, ao longo dos tempos, a Educação de Jovens e Adultos está sendo sempre buscada, com o objetivo de realmente permitir o acesso à todos na educação, independente da idade.Fica claro o caminho percorrido por esta modalidade até os dias atuais, mas ainda há caminhos a percorrer, é preciso vislumbrar novos horizontes na busca da total erradicação do analfabetismo em nosso país, pois a educação é direito de todos.
Profª. Me. Beatriz Beraldo

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